quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

:: Casey Dienel

:: WHITE HINTERLAND - "Phylactery Factory" (2008)

"Eu me pergunto às vezes se é responsabilidade do escritor e do artista tornar tudo claro para o leitor – ou se um pouco de material nebuloso é saudável e nos lembra de pensarmos por nós mesmos. Falando geralmente, eu me enquadro nesta última categoria. Eu não me importo de me sentir desorientada se isso me faz questionar as coisas – e acho que como uma cultura nós deveríamos ser muito mais céticos e questionadores daquilo que as pessoas fazem ou dizem. Não sei se isso soa cínico – mas eu acho que é saudável questionar algo antes de você digerir e arquivar na tua enciclopédia mental. Nós devemos isso à nossa psique! Eu sugeriria a qualquer pessoa que questione qualquer coisa que eu digo, inclusive isso que estou propondo agora. O que é que eu sei?!" - CASEY DIENEL, na entrevista exclusiva concedida a mim no ano passado.

Ela agora se esconde atrás do codinome White Hinterland, mas continua sendo a Casey Dienel apaixonante que fez um dos álbuns mais doces, poéticos e mansos dos últimos anos, o adorável Wind-Up Canary, meu disco favorito de 2006. Foi ele que me fez ficar tão fascinado com a pessoa e a obra dessa jovem americana a ponto de trocar com ela uma meia dúzia de e-mails e fazer uma entrevista que é das coisas que mais me dá orgulho nessa minha carreira de jornalista (ver http://www.rabisco.com.br/).


Era, pois, com muita expectativa que eu esperava o novo álbum de Casey pra ver se ela passava pelo teste do segundo álbum e se confirmava todo o talento que eu profetizava. E ela passa no teste com louvores! Pouco mudou de um álbum para o outro: a cantoria de Casey continua tímida e singela (em "Destruction of The Art Deco House", por exemplo, ela canta tão baixinho que mesmo ouvidos treinadíssimos no inglês sentem dificuldade em entender as palavras que ela murmura), o piano continua tocado com a atitude de uma indie-kid que gostaria de ser Thelonious Monk e as letras continuam com um irrestível sabor lúdico e literário que sempre foi um dos maiores charmes da música de Casey Dienel.

Esse Phylactery Factory, disco até um pouco mais difícil e vanguardista que o anterior, provavelmente não vai fazer o mínimo sucesso de público, nem mesmo gerar hype alguym nos círculos restritos do indie, como também não fez o álbum de estréia da moça. É verdade que há por aqui uma ou outra música mais acessível e grudenta - caso da viciante "Dreaming Of Plumb Trees", mas nada que soe extremamente radiável. Ela nem se importa com isso, na verdade, e não se incomoda nem um pouco com seu status ainda minúsculo dentro do panorama musical contemporâno.

Este é outro álbum sublime de uma cantora, compositora e pianista que tem tudo para ter uma longa e cultuadíssima carreira, mesmo que ela prefira manter-se discreta e longe dos holofotes por não ter a mínima vontade de trocar a vida pacata pelas turbulências da fama. Daria pra dizer que Phylactery Factory é daqueles discos que vai revelando seus encantos aos poucos, a cada nova ouvida, à medida que o poder dos versos e das palavras de Casey vai ganhando abrigo dentro de nossa alma... Mas seria dizer errado sugerir que os encantos estão assim tão velados: Casey Dienel é encantadora à primeira vista e à primeira ouvida, e só fica mais e mais encantadora quanto mais a conhecemos e ouvimos... Que me perdoem o excesso de doçura, mas são palavras de um homem apaixonado... :)

DOWNLOAD (mp3 de 192 kps - 78MB - 9 músicas)
http://www.mediafire.com/?v421ymmgdtc

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