terça-feira, 11 de março de 2008

:: Dead Kennedys ::

:: DEAD KENNEDYS – “Fresh Fruit for Rotten Vegetables” (1980)
por André Barcinski (Showbizz / Março de 2000)

Nos EUA de Ronald Reagan, era preciso peito para batizar uma banda de Kennedys Mortos. Imagine alguém entrar numa loja no Brasil e dar de cara com um disco da banda Fernadas Montenegros Esquartejadas ou Algozes do Frei Damião. O choque seria o mesmo. E Jello Biafra queria mesmo chocar. Quando ainda era conhecido por Eric Boucher, o rapaz já era revoltado: contra o governo, contra os direitistas, os militares, os yuppies, a sociedade de consumo, o rock.

Depois que se mudou para a liberal São Francisco, no fim dos anos 70, Eric resolveu expelir todo esse ódio em forma de música. O resultado foi o Dead Kennedys. Seu primeiro LP, Fresh Fruit for Rotten Vegetables, caiu na cena californiana como uma bomba atômica. Até então o punk americano tinha tradição de bandas festeiras, tipo Circle Jerks e Ramones. Política não era o forte. Não havia um Clash ou um Sham 69 na terra do Tio Sam.

Mas Jello e seus colegas, o guitarrista East Bay Ray e o baixista Klaus Flouride, mudaram tudo isso. Fresh Fruit... foi o primeiro manifesto anarquista punk americano. Com sua voz de personagem de desenho animado, Jello conclamava o povo a matar os pobres (“Kill The Poor”), linchar os síndicos (“Let's Lynch The Landlord”), tomar drogas (“Drug Me”), roubar correspondência (“Stealing People's Mail”) e visitar o Camboja (“Holiday in Cambodia”). Falava também de guerra química, golpes militares e conspirações direitistas. Tudo isso embalado por uma ironia corrosiva e por uma explosiva combinação de punk, surf music e experimentalismo.O Dead Kennedys nunca se encaixou na teoria simplista de que punk se faz só com dois acordes e um pulmão forte. Suas músicas têm arranjos elaborados e mudanças inesperadas de ritmo e andamento.


Jello colheu exatamente o que plantou: discórdia e incompreensão. Foi processado por obscenidade, teve discos recolhidos, brigou na Justiça e incomodou muita gente. Era uma mosca na sopa da sociedade americana, um câncer – necessário. Jello levou o lema “faça você mesmo” ao extremo: montou a própria gravadora , a Alternative Tentacles, e lançou todas as bandas de que gostava. Chegou a candidatar-se a prefeito de São Francisco, propondo que os policiais usassem nariz de palhaço. Teria o meu voto, fácil.

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2 comentários:

Dida disse...

Procurando a capa do álbum vi ela no Depredando e resolvi ler o texto...
Sempre achei o André Barcinski um dos maiores conhecedores de rock aqui do Brasil e também um grande jornalista e crítico musical. As sacadas do cara são foda !
A respeito do texto (que vou adaptá-lo no Noise, pois achei perfeito) e DK, só digo uma coisa: JELLO BIAFRA, O CARA MAIS ÍNTEGRO DO ROCK.

Abraço à todos,

Dida

P.S.: Leiam a biografia e baixem também uns side projects do Jello no Noise Brigade (www.bringnoise.com)

Anônimo disse...

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