sexta-feira, 8 de maio de 2009

O queridinho do Pacífico

*Francine Micheli




Há alguns anos atrás eu preferiria comer buchada de bode com fanta uva quente a ouvir hip-hop e companheiros do gênero. Digo, chegar perto de música do tipo. Tá, era birra mesmo.

Daí, como essa vida é bem irônica, fui aprendendo algumas lições que me fizeram enxergar claramente o que minha avó já dizia: não cospe pra cima, menina. Um belo e grande catarro verde caiu na minha testa.

Primeiro foi o esforço hercúleo de parar de maldizer um tal produtorzinho aí e reconhecer o poder bombástico da assinatura "Timbaland" no pop atual. Depois, foi admitir a inteligência do Kayne West. Depois foi cair de quatro pelo cd da Estelle e seu American Boy e perceber que hip-hop, misturado com outras coisas, fica lindo e faz a gente querer dançar a noite inteira. É que nem bacon. Dá um sabor especial a qualquer coisa, mas é foda de se comer puro.

Há alguns meses conheci P-Money - o melhor DJ da Nova Zelândia e quiçá um dos grandes fazedores de tunts-tunts do mundo. Vamos dizer que ele é um Timbaland kiwi, já que é também o produtor mais requisitado do Pacífico e domina o trabalho dos grandes nomes do R&B, rap e hip-hop dessas bandas aqui.

Quando "Everything" - o hit-bomba, começou a tocar pela primeira vez no rádio do meu carro eu logo já pensei: "Nossa senhora, música nova do Jamiroquai!". Não. Era P-Money começando a mostrar pra quê veio ao mundo.

A música - que na verdade é cantada pelo rapper também kiwi Vince Harder - é cativante, não só pelo beat "ui que diliça", mas pela qualidade da produção. Ahá, esse P-Money é mesmo de altíssima catiguria!

Pronto. A música bomba na balada e já ganhou militrezentas versões, inclusive na UK e Europa afora.

Não demorou muito, conheci as bandas e os artistas produzidos pelo rapaz. Scribe, David Dallas, PNC, o próprio Vince Harder e uma caralhada de gente boa da NZ. Claro que não dá pra dizer que é tudo uma maravilha e sair por aí com um cifrão de ouro pendurado no pescoço, mas olha, me surpreendi com o potencial do garoto.

Pelo visto o DJ tem tudo pra ser a próxima novidade e me dá agonia lembrar que perdi a discotecagem dele em Hamilton semana passada por causa de uma chuva ridícula.

O que mais chama atenção no trampo do cara é a cabeça aberta e um puta talento pra pegar a veia comercial da coisa, o que pode parecer coisa ruim, mas não é. Ele sabe misturar diferentes estilos em uma batida só, pegar melodias simples e colocar um grande arranjo no fundo.

Consegue botar todo mundo pra dançar sem machucar os ouvidos dos mais sensíveis.

Engraçado é que o moço não tem site, somente um blog, onde ele também disponibiliza alguns samplers pra outros DJ's se esbaldarem. Mas é só isso. Não tem mp3 grátis na internet, não tem assessoria de imprensa, não tem frescura. P-Money é uma humildade só. Tentei achar os cds dele "Big Things" e "Magic City" pra disponibilizar aqui, mas advinhem? Só comprando mesmo, o que, no fim das contas, é muito válido e justo.

"Everything" é uma das músicas mais deliciosas e grudentas que já ouvi nos últimos anos e eu aposto que logo logo já vai ter show dele agendado no Brasil.

Alguém duvida?


Everything (P-Money and Vince Harder)


Say it Again (Scribe and Tyra Hammond produced by P-Money)


http://pmoneymusic.blogspot.com
http://www.myspace.com/pmoneymusic

Um comentário:

Taíssa disse...

acho legal sair fora do circuito USA-UK!!! valeu a dica! o som é muito massa meeeesmo!