segunda-feira, 14 de março de 2011

:: Grito Rock Goiânia 2011: Um Carnaval do Barulho! ::



A matemática impressiona: em 2011, nada menos que 130 festivais Grito Rock acontecem em 9 países, um aumento significativo em relação aos 80 eventos realizados no ano passado. É uma genuína "obra faraônica" da cultura independente, possibilitada por coletivos fora-do-eixo, articulados e em intensa comunicação, que coordenam esforços para catalisar a efervescência artística de maneiras poucas vezes antes concretizada ao Sul do Equador.

Em sua grandiosa edição Goiânia, o maior festival integrado da América Latina estremeceu os alicerces do Centro Cultural Martim Cererê no fim-de-semana de Carnaval. Para todos aqueles que procuravam emoções mais intensas do que os tradicionais sambas-enredo e desfiles de escola, o evento forneceu uma alternativa do barulho para fugir do clichê. Com presença massiva e entusiasmada do público, a 5ª edição anual consecutiva do Grito que a Fósforo organiza na capital goiana contou com 29 shows e a presença de mais de 1.000 "foliões" em cada dia de festa.



TrivoltzNo sábado, 05/03, 14 bandas (*) mostraram seu som no Teatro Pyguá. Houve espaço de sobra na "matinê" para bandas novas "debutarem" num grande festival: caso de West Bullets, Bohemians, Overfuzz e Riverbreeze.

O stoner rock nervoso e garageiro dos Hellbenders eletrizou o público com doses cavalares de distorção e empolgação. O Chimpanzés de Gaveta fez erguer-se no povo o coro "Que beleza!", de Tim Maia, durante seu denso groove samba-rock. A Radiocarbono, que acaba de lançar seu álbum de estréia, destilou sua fina versão da MPB que remete a Jorge Ben, Mundo Livre S/A e muito mais. O power-trio Trivoltz e os anapolinos do Evening mostraram outras vertentes do variado e heretogêno cenário rocker goiano.

Já o Space Monkeys, apelidado de "Foo Fighters do cerrado" pela sua mistura de guitarras densas e melodias memoráveis, mostrou estar em plena ascendente. O disco de estréia destes símios espaciais, que está em processo de gravação, promete. A garageira "stooge" do Black Queen também empolgou, apesar da banda ter sido prejudicada por dois rápidos apagões da energia elétrica. Consolo: o show ficou com cara de ópera-rock em 3 atos, algo à la The Who. Já o Ultravespa, com seu róque desencanado de pendores sessentistas fez bonito com seu som meio Kinks, meio Cascavelettes.




Principal convidado de outro estado neste dia, o Revoltz mostrou seu indie-rock em português com figurinos excêntricos: um charmoso cocar indígena decorava a cabeça da tecladista. Fechando a noite, o headliner Black Drawing Chalks, tinindo e trincando, com muita experiência sobre os palcos, mostrou toda a potência de seu rock'n'roll em lindas "fritações". O lançamento recente do 1º álbum ao vivo, Live in Goiânia, sedimenta os Chalks como uma das mais fortes do rock brasileiro atual.

EXTREMO E NO TALO

Mugo

No domingão, o festival ganhou em peso e violência: era o lançamento do Fora do Eixo ao Extremo, "sub-circuito criado com base na tecnologia do Circuito Fora do Eixo com o intuito de estruturar e dar vazão a bandas de estilos mais pesados como o Hardcore, Punk, Metal e suas vertentes". Tomado pelas camisetas-preta e pelas rodinhas-de-pogo, o Cererê foi palco de um intenso carnaval "do capeta".

Dentre as bandas locais que começam a fazer-se notar, destaque para o estrondoso Aurora Rules, que conquistou o vasto público com uma apresentação cativante, e para promessas goianienses como Antes do Fim, Critical Strike, Coerência, A Ultima Theoria, Tape, Trinitro e Monster Bus. O Sangue Seco, que honra o punk brazuca clássico à la Cólera e Olho Seco, mostrou ser uma das melhores bandas brasileiras do estilo. Já o Deadly Curse, respeitada no cenário heavy metal da cidade, fez a alegria dos headbangers.

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Galinha Preta



Duas visitas da capital federal rechearam o line-up: o Galinha Preta voltou à Goiânia (da última vez, haviam tocado no Goiânia Noise 2010) para mostrar seu hilário e serelepe hardcore revoltado em que expõem o lado podre de Brasília (e do Brasil). Um dos principais representantes da cena punk brasiliense, o Galinha é como a Candangolândia lançando pedrada no Plano Piloto.

Já os caras do Valdez, com raízes no grunge, no stoner e no garage-rock, voltaram para Brasília dizendo-se "muito satisfeitos com o show de Goiania". Como aponta Diego Mendes, "deu um público bacana que não conhecia a banda e agitaram no show! Valeu aos roqueiros goianos pelas rodas de pogo e principalmente a Fosforo Cultural pela atenção e paciência com a gente. Outra coisa que vale a pena ser dito foi a puta estrutura de som do festival. Foi com certeza a melhor aparelhagem em que já tocamos!"

Vindos de Uberlândia-MG e descendo a "highway to hell" desde 1993, o Uganga fez um show nervosíssimo, aquecendo os motores para a quebradeira final do Mugo, banda esta que prepara o sucessor de Go To The Next Floor e agitou a galera para muito headbangin', roda de hardcore e "corredor da morte". Durante todo o Grito Rock!, camisetas do Mugo foram vistas em profusão, e na hora de encerrar o festival o banda fez jus à sua crescente base de fãs e provou que, mesmo tocando às 3 da matina, após uma maratona de música, é capaz de levantar até defunto.

É bom frisar ainda que, em Goiânia, o público é um espetáculo à parte. As rodas de hardcore, o headbangin' e os stage divings foram intensos e empolgados durante o festival. Mas tudo na maior camaradagem e sem a mais remota sombra de treta ou contusão. A variedade das camisetas também é outro indício de que várias tribos de roqueiros souberam conviver e curtir sem se bicar: bandas como Tool, Metallica, Suicidal Tendencies, Misfits, Dead Kennedys, Transplants, Leptospirose, Katatonia, Dio, Rise Against, Avenged Sevenfold, Blind Guardian, dentre muitas outras, tiveram sua "representação". Alguns "ícones pop" também marcaram presença nas estampas: caso dos onipresentes Seu Madruga e Mussum. Até pais e filhos deram as mãos para curtir a energia bruta (raw power!) do festival, como prova o paizão que pogou com o filhinho duns 3 anos nos ombros.


O saldo final, para público e bandas, para a cultura independente goiana e latino-americana, foi imensamente positiva. O Grito se fortalece com as novas vozes que vão continuamente se unindo ao coro. E tudo indica que este grito coletivo ressoará cada vez mais alto.

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CONFIRA ALGUNS VÍDEOS:
Chimpanzes de Gaveta
Radiocarbono
Sangue Seco
Galinha Preta
Mugo
Space Monkeys
Black Queen
Black Drawing Chalks


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ÁLBUNS DE FOTOS:
- GOIÂNIA ROCK CITY
- FACEBOOK DE RENATO REIS
- FACEBOOK DE EDUARDO CARLI

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CONFIRA AINDA:
- MIXTAPES (DOWNLOAD E STREAMING)

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