sábado, 4 de fevereiro de 2012

Não Devemos Nada a Você (We Owe You Nothing)


Não Devemos Nada a Você
(We Owe You Nothing)
Daniel Sinker

por Bernardo Santana (@Barra Funda Fighters)



Fórceps você mesmo. Ou chute sua própria bunda. Esse é o único método anarquista/libertário que você vai encontrar em todas as trezentas e poucas páginas de Não Devemos Nada a Você, primeiro lançamento internacional da Ideal, que traz 30 entrevistas com figuras importantes do underground estadunidense coletadas das páginas da revista Punk Planet. E quer saber uma coisa? É o único método que importa!

Das palavras – e, principalmente, das ações concretas – de músicos/ativistas/artistas como Jello Biafra, Ian McKaye, Steve Albini, Noam Chomsky e representantes de organizações ativistas como a Ruckus Society e a Vozes no Deserto, fica uma lição principal: faça (você mesmo) o que acha certo pela sua comunidade, do seu jeito, com coragem e criatividade e você já estará contribuindo pra um progresso gigantesco de si mesmo e de quem vive à sua volta. Disfarçado de obra sobre a cena independente musical dos EUA, na verdade o livro é um daqueles poucos espécimes de obras inspiradoras. De fato, se ele não tivesse caído na minha mão (Valeu, Fred!), eu provavelmente não estaria escrevendo esta resenha agora. Nem fazendo este site. Bom, talvez estivesse… mas ainda demoraria muito!


A vontade é comprar quantos exemplares suas economias permitirem e largar por aí nos bancos de praça e de transportes públicos pra quem interessar possa. Deve ser pra isso que servem as economias, afinal! Além de um libelo pela transformação da sociedade por meio de iniciativas de quem vive nela, NDNV também ajuda a esclarecer muitos preconceitos que existem em relação às ações underground que rolam lá em cima. Não, nem todos os norte-americanos são acéfalos. Sim, ser libertário é trabalhar duro, provavelmente muito mais duro do que você precisa trabalhar pra ficar rico (ou algo que o valha…). Não, não é nada impossível começar e continuar algo relevante pra sua comunidade. E não, você não está sozinho nessa.

Aliás, muito pelo contrário. A quantidade de iniciativas e pessoas que pipocam das páginas é animadora. Vale lembrar aí que as entrevistas foram feitas de 1997 a 2007, com gente que está por aí hoje, e ainda vai estar por muito tempo, tocando, distribuindo, escrevendo, publicando, fazendo barricadas, peitando governos e dogmas irracionais e etc. Mas pra tudo isso, antes vem aquele providencial chute bem dado em seus próprios glúteos pra sair da letargia, citado ali no começo. Uma prerrogativa de cada indivíduo, e somente dele. Tudo que Não Devemos faz é pintar um alvo pra sua bica.

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